Tia Nana
Trecho do livro Todos os Animais merecem o Céu
Marcel Benedeti
... Ao chegarem na casa do vovô Omori, foram recebidos por alguns cães,
dentre eles, Kika, uma mestiça de pastor alemão, a preferida de tia Nana, e
alguns gatos, eram a paixão de tia Nana, por isso sempre teve a companhia de
um deles. Além de Kika, outros cães vieram receber os visitantes. Os cães
corriam, pulavam e latiam ao redor deles e do senhor Omori, enquanto os gatos
roçavam nas pernas em sinal de boas-vindas. O alarido dos cães era intenso,
mas se aquietaram a pedido de tia Nana que se aproximou. Cláudia
surpreendeu-se com a ótima aparência dela, pois soube que estava hospitalizada
por ocasião de seu retorno ao plano espiritual, em decorrência de uma
enfermidade. Os médicos diziam que ela demoraria um pouco a se recuperar,
mas estava muito bem. Estava com aparência mais jovem e alegre, e a seu redor
uma aura brilhante demonstrava sua saúde.
— Ah! Mas a senhora está uma beleza. Parabéns, tia! — cumprimentou
Cláudia.
— Muito obrigada. Você também esta uma belezinha.
— Que bom que a Kika está aqui também, não é mesmo tia?
— É mesmo, Cláudia. Estes animais e as minhas plantas são a nossa alegria.
Além deles há os hóspedes, que são os pássaros que vêm nos visitar e
compartilhar das refeições que sirvo a eles. Eles nos divertem muito após cada
dia de trabalho.
— Que bom que a tia já está trabalhando — disse Cláudia, feliz por ver a tia
tão saudável.
— Sim, estou trabalhando na biblioteca. Sou novata, mas estou
aprendendo rapidamente a rotina do trabalho e, com certeza, em breve estarei a
par de tudo.
— Qualquer dia destes a visitarei no trabalho. — Falou Cláudia.
— Será uma grande alegria recebê-la.
Na biblioteca eu trabalho quatro horas por dia, e o restante do tempo
aproveito para cuidar de minhas plantas e dos bichos que temos aqui.
— A tia está mesmo disposta, hein! — falou Cláudia à sua tia, admirada da
disposição que aparentava.
— O meu problema é que eu ainda não me acostumei a plasmar a comida
dos animais e peço ao papai para fazer isso. Ele tem mais prática.
— Vocês querem chá com bolo? Acabei de fazer.
— Sim, claro. Estávamos trabalhando há horas e seria bom “recarregar as
baterias” com alguns pedaços de um de seus deliciosos bolos.
— Mas é um bolo plasmado. Você sabe, não é?
— Não importa. O que importa é que tenha sua ‘receita’ — brincou
Cláudia.
Após momentos de conversa amena sobre coisas do cotidiano, Cláudia
presenciou o fenômeno que puxa o corpo espiritual de volta ao corpo físico, em
Guilherme, que pouco conversou.
O corpo de Guilherme tornou-se tenso, suas pupilas se dilataram, seu
coração acelerou e sua respiração tornou-se ofegante. A tensão é seguida de um
ligeiro tremor e Guilherme desaparece da companhia de sua noiva e de seus
tios para retornar ao corpo físico. Já era manhã e alguns raios de sol entravam
pela janela do seu quarto.
Os pássaros cantavam alegres nas árvores de seu quintal e Bons, seu cão,
adivinhando que o amigo acordou, começou a arranhar a porta pedindo para
entrar.
Guilherme desperta tranqüilo e começa a se arrumar para ir ao trabalho,
em sua clínica, sem se lembrar de nada do que ocorreu durante a noite passada...
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Saudade lembrada, saudade sentida, saudade hoje e para o resto da vida...saudade eterna!
Nosso pedacinho do céu...