Corações Amados...
A perda de um ente querido
A perda de um ente querido é a prova mais dolorosa que o Espírito enfrenta em sua breve passagem pela Terra. Como entender um fato que parece fechar todas as portas à esperança? Conviver sem a presença física de quem tanto estimamos?
Controlar a saudade dos mínimos gestos? Saudade essa que ao contrário do que dizem, parece aumentar com o tempo.
Como suportar a voz que se calou trazendo um terrível silêncio? E o que fazer para conter as lágrimas diante das fotografias de um passado que não retorna?
Manter a confiança torna-se tarefa complicada quando o futuro nos parece tão incerto.
Tudo a nossa volta parece sem sentido e penoso, falta coragem para os mínimos atos. Emoções se misturam, num instante a revolta, a descrença, a vontade de gritar sem parar e em outro momento, reina a melancolia, o pranto, a vontade de desistir.
Desesperados queremos nos apoiar em algo, mas parece não haver remédio para nossa dor!
Como almejamos por notícias, por provas de que a vida prossegue, de que um dia o reencontro realmente ocorrerá, mas nossos apelos parecem em vão.
Por que tamanha dor que dilacera nossas almas e ceifou nossos sonhos? São as perguntas que continuamos a buscar.
E a cada manhã, travamos uma intensa luta para levantarmos e principalmente nos mantermos de pé.
O sofrimento é imenso,que fica complicado até para compartilhar, faltam palavras para expressá-lo.
Daríamos tudo por apenas um minuto na presença do ente querido, pela chance de encontrarmos o mesmo olhar, de acariciarmos e sentir novamente o seu calor.
De termos a certeza de que a vida continua, mas a nossa frente só escuridão... Onde a piedade divina?
Aqui, sempre! Porque são nessas horas que devemos buscar a presença do Pai em nossas vidas e novamente ouvir a sua voz amorosa a nos confortar: Vinde a Mim todos vós que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei.
Sim, será o Pai que segurará nossas mãos nesse momento tão complicado.Que com sua Infinita Bondade, enxugará nossas lágrimas, permitindo que nossos olhos enxerguem outros horizontes. Com sua misericórdia, aliviará nosso íntimo, acalmando a tempestade de sensações conflitantes em que nos encontramos mergulhados. E'le devolverá a alegria de viver, comprovando-nos que a morte não existe, é apenas uma passagem.
Que o Espírito prossegue em sua evolução e ainda encontra-se em sintonia com nosso amor, sentimento que rompe qualquer fronteira.
Assim, quando a saudade parecer chegar ao seu limite, sufocando-nos, transformemos nossas vibrações amorosas no carinho que gostaríamos de fazer.
Se o ser não pode mais ser tocada, o Espírito sempre poderá.
Se palavras não podem ser pronunciadas, a linguagem do amor permanece em qualquer tempo e local.
As lembranças vividas jamais se apagam, todavia, não façamos dessas motivo de eterna tristeza. É a tristeza quando se prolonga que aumenta a distância, tornando-nos mais suscetíveis às influencias negativas que impedem o auxílio divino de nos amparar e fortalecer.
Tristes e cabisbaixos rompemos com a fé, físico e espírito se abatem e por mais que ouçamos falar da esperança, fica a sensação de que recomeçar é impossível.
Claro que lágrimas serão derramadas, jamais nos será pedido que sufoquemos nossos sentimentos, porém, E'le nos estende suas mãos disposto a enxugar cada uma dessas lágrimas. A aliviar a tensão que carregamos no coração e tudo faz para que percebamos que a vida continua a se renovar, assim, permanece a nos convidar a vivê-la.
E é vivendo que amadurecemos, evoluímos espiritualmente e passamos a compreender tantas coisas e a descobrir novos valores.
É vivendo que vamos dia a dia encurtando a distância e nos preparando para o reencontro que um dia ocorrerá.
Assim, quando a melancolia bater a nossa porta e não tivermos forças para combatê-la novamente busquemos Deus e Ele nos orientará.
Se for necessário nos carregará no colo, quantas vezes forem necessárias, nos envolverá com seu carinho e estará a velar nosso sonho.
Quantas noites mal dormidas... E quando buscamos abrir o coração e através de uma singela prece nos ligar ao Alto, parece que nos acalmamos e nem que seja por minutos, a serenidade se apresenta ao nosso lado.
De fato, a oração sincera nos eleva acima das tempestades que desabam em nossa vida e elevados espiritualmente vamos ao encontro da espiritualidade maior que nos aguarda de braços abertos.
Companheiros espirituais que sempre nos protegem e aproveitam o repouso físico, para se aproximarem e conosco dialogar, cooperando para o restabelecimento de nossas forças. Incentivam-nos a prosseguir, mostrando que conosco caminharão.
Ao acordarmos, sentimos uma nova atmosfera nos envolver, não sabemos como explicar, mas a paz adentra nosso ser.
É a paz de Deus que sempre nos é oferecida!
E como mantê-la? Trazendo para a nossa vida!
E podemos completar que o amor aquece, liberta, alegra, conforta, renova e alimenta a Vida. Amor, que se encontra nos gestos de fraternidade que realizamos.
Que cresce cada vez que somos capazes de sair do nosso sofrimento e enxergar a dor alheia.
Enxergar e também auxiliar.
Ah, quanto amor se derrama sobre nós num simples gesto... E os olhos físicos ainda não conseguem enxergar, mas quando praticamos a caridade, o amor, fica o sorriso estampado no local daquele que tanto estimamos.
Porque como já dito o amor rompe toda e qualquer fronteira. E como diz a oração: amando somos amados, consolando somos consolados.
Toda vez que fizermos um gesto de amor em prol de um necessitado, estaremos beijando a face dos que nos antecederam nessa grande viagem.
O cultivo do amor será sempre o melhor tributo que podemos prestar aos que não mais se encontram fisicamente entre nós.
Compartilhemos o amor!
O amor nos erguerá das trevas, aproximando-nos de Jesus.
E com Jesus novamente ouviremos o exército de benfeitores espirituais a proclamar: Não existe perda, não existe morte, o que chamais de destruição, não passa de transformação ( Livro dos Espíritos – Pergunta 728).
E fortalecidos seguiremos nossa jornada, conscientes de que Deus prossegue a nos guiar e a nos mostrar que a morte significa chegar ao fim e descobrir que o fim, em verdade, é apenas um novo recomeço.
A esperança sobrevive!
Paz e bem
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